Santa Escravidão

 A Santa Escravidão de Amor

“TotusTuus”
A Total Consagração a Nossa Senhora é a entrega de tudo que somos e possuímosà Santíssima Virgem , para que através d’E, possamos mais perfeitamente pertencer a Deus.
A finalidade desta total entrega a Nossa Senhora é nos unir a Jesus Cristo e nos fazer crescer em Sua graça. Nos entregamos totalmente a Ela para que Ela nos ensine a cumprir em nossas vida a Santíssima vontade de Deus.
Através desta total entrega, ou Santa Escravidão de Amor, nós adentramos na “Escola do imaculado Coração de Maria” para aí ela possa nos formar, fazendo-nos conhecer, amar e servir a Deus, Nosso Senhor.
É nesta “Forma Sagrada” (o Imaculado coração de Maria) que nos tornamos verdadeiras imagens de Cristo, aprendendo com Maria Santíssima a fazer e viver tudo que Jesus mandou.
A Santa Escravidão de Amor é o meio que a Providência Divina escolheu para estabelecer no mundo o Triunfo de Maria e em consequência, o Reinado de Jesus. Se, portanto queremos que venha logo o prometido Triunfo do Coração de Maria e o Império Eucarístico de Jesus sobre toda a humanidade, procuremos todos fazer, viver e propagar a Santa Escravidão de Amor.

O exemplo atual mais forte de vivência desta espiritualidade foi o grande Papa João Paulo II “Escravo por Amor” desde ainda seminarista, quando fez sua total entrega à Santíssima Virgem segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort. Ele foi todo de Maria, adotando para o seu pontificado o lema: “TotusTuus”.
“Para que venha o Vosso Reino ó Jesus, venha o Reino de Maria”



Total Consagração a Santíssima Virgem ou Santa Escravidão de Amor

A Santa Escravidão a Jesus por Maria é uma prática de devoção antiguíssima, remontando aos primeiros séculos da Igreja. Com o passar dos séculos, experimentou uma admirável evolução, no sentido que cada vez melhor se compreendeu o que esta prática significava no contexto da fé. Passando pela escola francesa do século XVII do cardeal de Bérulle, Boudon, Olier, Condrem, São João Eudes, etc.
Foi em São Luís Grignion de Montfort que a doutrina e a prática da Santa Escravidão encontrou sua expressão mais perfeita, sendo também, por meio deste grande apóstolo de Maria, que esta prática devocional tornou-se popular. A doutrina e espiritualidade da Santa Escravidão de Amor foram imortalizadas por São Luís Grignion, no célebre escrito: “O Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”.

Tal livro demonstra com muita sabedoria, clareza e unção quem é a Santíssima Virgem, qual é o seu papel na vida da Igreja e de cada pessoa em particular, com efeito o livro mostra a missão materna que Deus confiou a Santíssima Virgem, as razões e a maneira como Deus sujeitou a ela todos os corações, bem como, o papel da Santíssima Virgem no estabelecimento do reinado de Cristo e sua união íntima com o segundo advento de seu filho.
O Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem foi escrito por São Luís Grignion de Montfort em 1712, e devido à grande força que esse escrito tem para levar as pessoas à verdadeira santidade foi fortemente combatido pelo inimigo infernal. O demônio quis verdadeiramente destruí-lo, mas Deus não permitiu, contudo, o inimigo escondeu este tratado durante cento e trinta anos. Tudo isso foi admiravelmente predito e escrito por São Luís, no próprio Tratado da Verdadeira Devoção onde narra:
“Vejo animais frementes que se precipitam furiosos para destruir com seus dentes diabólicos este pequeno manuscrito e aquele de quem o Espírito Santo se serviu para compô-lo, ou ao menos para fazê-lo ficar escondido no silêncio de um baú a fim de que não apareça”
(T.V.D. 112).

Assim, este livro escrito em 1712, desapareceu sendo reencontrado apenas em 1842 em um baú de livros velhos. Publicado em 1843 tornou-se leitura obrigatória de toda alma piedosa que buscasse a santidade. De fato, São Luís predisse o desaparecimento do livro, também, como o seu reaparecimento e o seu sucesso (c.f. T.V.D. 112), de modo que, depois que foi publicado o tratado, a Santa Escravidão tornou-se a via espiritual de muitos santos, que se fizeram escravos de Maria Santíssima, e na escola de seu Imaculado Coração aprenderam a amar a Deus e fazer sua santa vontade.
        Santos como: São João Maria Vianney, São João Bosco, São Domingos Sávio, Santa Terezinha, Santa Gema Galgani, São Pio X, São Pio de Pietrelcina e tantos outros santos e santas do nosso tempo, viram, na total consagração a Santíssima Virgem não uma “devoção qualquer” ou “mais uma devoção,” mas uma Devoção Perfeita, aquela devoção querida por Jesus ao fazer de cada um de nós filhos de sua Mãe Santíssima.
        Um dos maiores apóstolos desta consagração foi nosso querido Papa João Paulo II, que se fez escravo por amor quando ainda era seminarista. E de tal forma esta total consagração ordenou sua vida e missão que adquiriu como seu lema pessoal o “Totus Tuus Mariae”. João Paulo II foi um testemunho vivo da eficácia desta consagração na vida de uma pessoa.
1- O que é a Santa Escravidão de amor?
A total consagração à Nossa Senhora, ou a santa escravidão de amor é a entrega de tudo que somos e possuímos à Santíssima Virgem para que através dela possamos mais perfeitamente pertencer a Deus.
A finalidade desta total entrega a Nossa Senhora é nos unir a Jesus Cristo e nos fazer crescer em sua graça. Nos entregamos totalmente a Nossa Senhora para que ela nos ensine a cumprir em nossa vida a Santíssima vontade de Deus. São Luís Maria de Montfort chama a Santa Escravidão de Amor de “A Verdadeira Devoção”, simplesmente porque ela nos mostra quem é Nossa Senhora, qual seu lugar no plano de salvação e sua missão na vida da Igreja e de cada um de nós.
A doutrina da Santa escravidão nos faz ver e compreender que Jesus nos deu Maria como verdadeira mãe, mestra e educadora, e ao mesmo tempo nos convida e nos faz lançar aos cuidados desta boníssima Senhora atendendo ao mandato de Jesus que olhando para nós nos diz: “Eis aí tua mãe”. Assim pela total consagração de nós mesmos à Santíssima Virgem estamos dizendo nosso sim a Jesus que no-la deu por mãe, a fim de que Ela nos ensine a fazer tudo que Ele mandou.
Do ponto de vista pastoral a necessidade e eficácia da total consagração a Nossa Senhora são sempre atuais, uma vez que esta consagração e devoção não são mais que a perfeita renovação das promessas do nosso santo batismo. De fato os concílios assim como muitos Papas falaram sobre a necessidade de se recordar os cristãos os votos de seu batismo e de seu estado de pertença a Deus, assim pela Total Consagração, nós agora por nós mesmos, renovamos nossas promessas batismais, recuperando a consciência de nosso estado de pertença a Deus. Tudo isso através de Maria, como quer Jesus, para que Ela nos ensine a sermos fiéis a nossa adesão a Cristo bem como da renúncia de todo mal.
2- O que acontece conosco, quando nos consagramos como Maria, Escravos por Amor?
Nós confirmamos a soberania de Deus e da Santíssima Virgem em nossas vidas, entregando TUDO que somos e temos a Jesus pelas mãos de Maria. Aqui, TUDO quer dizer TUDO. Nosso corpo com todos os nossos bens materiais e nossa alma com todas as nossas riquezas espirituais, nossos pensamentos, nossos desejos e quereres. Assim, mesmo os méritos de nossas orações, sacrifícios e boas obras passam a pertencer a Maria Santíssima para que Ela possa usá-los como lhe aprouver. Pela Santa Escravidão de Amor passamos a não possuir mais nada. Tudo passa ser de Maria, para que deste modo tudo possa ser de Deus.
Quando fazemos esta consagração e a vivemos obtemos um aumento admirável em nosso “Capital de Graças”, e por isso nos santificamos mais rapidamente e de maneira mais perfeita e segura. Com efeito, Maria Santíssima é um caminho fácil, curto, seguro e perfeito para nos unirmos a Jesus e crescermos em sua graça.
Santo Agostinho, diz que Maria é o molde de Cristo (forma DEI). Por sua vez, diz São Thomas de Aquino, que a nossa vida cristã consiste em refazer em nós a imagem e semelhança de Deus perdida pelo pecado, ou seja, devemos nos tornar semelhantes a Jesus em nossa maneira de ser, pensar e agir. Devemos imprimir em nossa alma a fisionomia de Nosso Senhor, para amar como
Jesus amou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu…etc. Para isto nada mais oportuno do que esta consagração, uma vez que Maria Santíssima é o grande molde no qual foi formado Jesus. Assim, todo aquele que se lançar e desmanchar dentro deste molde sairá com as feições de Jesus. A consagração é a maneira pela qual nos lançamos neste molde perfeito e a vivência dessa devoção é a maneira pela qual nos desmanchamos no mesmo molde, ou seja quando nos entregarmos totalmente a Maria, Ela nos ensinará a ser, pensar e viver como Jesus.
3- Quem pode fazer esta total consagração, e como fazê-la?
Todos os que querem viver o seu batismo podem e devem fazer esta consagração, ou seja, todos os que querem ser santos, que acreditam em Jesus Cristo e em toda sua doutrina, tal qual, nos transmite a Santa Igreja. Quem faz restrições a doutrina de Jesus Cristo ensinada pela Santa Igreja, ou quem não pode (ou não quer) viver em comunhão eucarística não pode fazer esta consagração.
4 – Como fazer esta consagração?
Para se fazer esta consagração é necessário primeiro conhecê-la; lendo e estudando o Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, escrito por São Luís de Montfort, e outros livros que falem sobre a Santa Escravidão, como “O Livro de Ouro ao Alcance de todos” ouvindo palestras e participando de encontros e retiros sobre o tema.
Assim, após se ter consciência do que é esta Consagração e de como deve vivê-la pode se marcar uma data e fazer os exercícios preparatórios que durarão um mês. Estes exercícios são meditações diárias que podem ser encontradas no livro “Consagração a Nossa Senhora” de Dom Antônio Maria Alves de Siqueira.
A seqüência de preparação é a seguinte:
I – Doze dias preliminares- Para desapego do espírito do mundo a aquisição do Espírito de Deus. Onde se medita nossa vocação à santidade, desprendendo-se de tudo que possa nos atrapalhar a sermos santos para irmos para o céu.
II – Primeira semana- Para o conhecimento de si mesmo. Trata-se de um período para fazermos um profundo exame de consciência a partir do que devemos nos aperfeiçoar, buscando em tudo sermos agradáveis a Deus.
III – Segunda semana- Para o conhecimento da Santíssima Virgem, de sua pessoa, sua missão, das graças das quais Ela é repleta, de suas sublimes virtudes, de seus privilégios, etc. De forma que conhecendo-a melhor, possamos amá-la mais e honrá-la como Ela merece ser honrada.
IV – Terceira semana- Para o conhecimento de Jesus Cristo nosso Fim Último, nosso Grande Deus e Senhor. Aqui devemos meditar no Mistério da vinda, da vida, paixão, morte e Glorificação de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Devemos contemplar a encantadora vida de Jesus, sua pessoa e sua doutrina, para que assim possamos crer nele com profunda convicção, amá-lo com amor abrasado, de forma, a despertar em nós um grande desejo de fazê-lo conhecido, amado e adorado, por todos.
Durante esta preparação de um mês (ou 33 dias), faz-se uma confissão geral e no dia escolhido (de preferência uma festa Mariana) participasse do Santo Sacrifício da Missa e se recebe Jesus no Santíssimo Sacramento. Depois da Ação de Graças (e como Ação de Graças) se recita a fórmula da Consagração que deve estar previamente copiada (de preferência de próprio punho) e se assina. Quando o sacerdote tem conhecimento da consagração e apóia, pode-se pedir que ele assine a folha como diretor espiritual e abençoe as correntes (se forem ser utilizadas).
5- Como deve viver um consagrado e quais suas obrigações?
Prática interior – O essencial desta devoção consiste em fazer todas as coisas por Maria, com Maria, em Maria e para Maria, para mais perfeitamente fazê-las por Jesus, com Jesus, em Jesus e para Jesus. Viver num estado de abandono e confiança para com Nossa Senhora, confiando a ela todas as nossas necessidades, problemas, sofrimentos, alegrias, decisões, negócios… etc. Como uma criança pequenina, segurar nas mãos desta boa mãe e deixar-se conduzir por ela. Em tudo recorrer a Ela. Fazer tudo do jeito dela. Louvar a Deus e adorá-lo com o coração dela.
Práticas exteriores – Também devemos cantar as glórias de Maria, honrá-la com todo amor, anunciando sua dignidade e seus privilégios, ensinando a todos e em todo lugar o que é a verdadeira devoção a Ela.
Devemos contemplar os mistérios do Santo Rosário, participar de suas festas, inscrever-se em suas confrarias, fazer e renovar sempre a Consagração a Ela e levar as pessoas a fazerem o mesmo. Usar as pequenas cadeias de ferro ou correntes como sinal de nosso amor e de nossa consagração, etc. É preciso entretanto observar que estas práticas não são essenciais, mas são utilíssimas para exteriorizar nosso amor a Jesus e Maria e edificar nosso próximo.
6- A difusão e a prática generalizada da Santa Escravidão de Amor levará ao Triunfo da Santíssima Virgem, e ao reinado de Jesus.
Por fim, é importante lembrar que a Santa Escravidão de Amor, no pensamento e na doutrina de São Luís de Montfort, não é “mais uma devoção”, e muito menos “uma devoção qualquer”, é sim, o meio que a providência divina escolheu para estabelecer no mundo o triunfo de Maria e em conseqüência o reinado de Jesus. Se, portanto queremos que venha logo o prometido Triunfo do Coração de Maria e o Império de Jesus sobre toda humanidade, procuremos todos fazer, viver e propagar a Santa Escravidão de Amor.

Pe. Rodrigo Maria


Aprovação da Santa Igreja

“Não se pode objetar que esta devoção seja nova ou sem importância. Não é nova porque os concílios, os padres e muitos autores antigos e modernos falam desta Consagração a Nosso Senhor ou renovação das promessas do batismo, como de uma prática antiga, aconselhando-a a todos os cristãos”. (T.V.D. 131)

·         Mas será a Santa Escravidão uma doutrina certa, segura, aprovada pela Santa Igreja?

Convém responder a esta pergunta, pois o lado misterioso desta doutrina, este segredo, parece, à primeira vista, em oposição com a doutrina da Igreja, que é sempre clara, precisa, ao alcance de todos.
Sim, tal doutrina é plenamente aprovada pela Santa Igreja. E a sua prática entra plenamente no espírito do Evangelho.
O Evangelho, como diz o Apóstolo, é um escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios (1 Cor 1,23); como a sabedoria deste mundo – diz o mesmo Apóstolo – é loucura perante Deus (1 Cor 3,19).
Basta averiguar que o fim desta devoção é a humildade, a renúncia de nós mesmos e o espírito de sacrifício, para se poder dizer que é uma doutrina profundamente evangélica.
Podemos ajuntar a este argumento mais um outro de grande valor; é que tal devoção é um meio de amor mais ardente à Mãe de Jesus, amor que a Igreja procura sempre incutir com tamanha insistência. Ora, assim sendo, já se vê que, praticando-a, estamos plenamente com o ensino do Evangelho e da Igreja.

       Há muito por onde desconfiar da doutrina que leva ao comodismo e afasta de Maria Santíssima; mas podemos absolutamente confiar no ensino que estimula à penitência e aproxima as almas da Santíssima Virgem. Penitência e amor de Maria – estes são os dois caracteres da doutrina cristã, as duas asas da alma fervorosa, os dois luzeiros da verdadeira fé.
Vamos agora mais particular citando os Sumos Pontífices. Passemos, entretanto, em silêncio sobre numerosas aprovações de bispos e teólogos afamados, para só indicar documentos autênticos da Santa Sé.

1. Clemente VIII (1592-1605) – Confere grande indulgência à Confraria dos escravos, estabelecida nos Conventos Religiosos do Hospital de Caridade, no bairro de São Germano, em Paris, assim como aos que tragam consigo, e recitem a Coroinha de Nossa Senhora.

2. Gregório XV (1621-1623) – Confere igualmente indulgências aos Escravos de Nossa Senhora.

3. Urbano VIII (1623-1644) – Este Soberano Pontífice, consultando sobre as práticas exteriores de nossa devoção, especialmente sobre as correntinhas que os escravos trazem, aprovou tão louvável fervor e deu a 20 de junho de 1631 a bula Cum sicut accepimus, pela qual concede grande número de indulgências aos escravos de Maria Santíssima.

4. Alexandre VII (1655-1667) – Expediu uma bula, a 23 de junho de 1658, na qual, por motivo da organização da “Sociedade da Escravidão” em Marselha, no Convento dos PP.Agostinianos da Provença, acrescenta às indulgências concedidas pelo Papa Urbano VIII aos escravos da Santíssima Virgem, outras muitas e consideráveis.
5. Pio IX (1846-1878) – é sob seu pontificado que, a 12 de maio de 1853, se promulga em Roma o decreto declaratório de que os escritos de São Luís eram isentos de todo erro que pudesse obstar-lhe a beatificação.  
Os últimos Papas

 6. São Pio X – tinha uma singular estima à perfeita devoção, e especialmente ao Tratado da Verdadeira Devoção, escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort. Quando pensou em compor a encíclica comemorativa do Jubileu da Imaculada Conceição, este Pontífice, que de muito, conhecia o livro de São Luís Maria Grignion de Montfort, quis relê-lo, como confessou depois; e valeu-se do “Tratado” relendo-o tantas vezes, a ponto de reproduzir os pensamentos e, não raro, as mesmas expressões do santo missionário.
     O Procurador Geral da Companhia de Maria, numa audiência, disse ao Papa: “Vossa Santidade deseja, sem dúvida, como nós, que a verdadeira devoção, ensinada por São Luís Maria Grignion de Montfort, se espalhe cada vez mais... E há de desculpar-me se venho pedir-lhe uma bênção especial e estímulo”.
Mal acabara de falar, e o Santo Padre, estendendo a mão, com um sorriso afirmativo, tomou a “súplica” escrita do Procurador, leu-a, e, apenas findada a leitura, tomou da pena, e escreveu em baixo estas linhas:
     “Acedendo a vosso pedido, recomendamos vivamente o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, tão admiravelmente escrito por São Luís Maria Grignion de Montfort; e a quantos lerem este Tratado concedemos, de todo o coração, a bênção apostólica. 
27 de dezembro de 1908.
Pio P.P.X”

     Uma recomendação tão solícita e vinda de tão alto deve, necessariamente, produzir uma forte impressão nos corações católicos. Ao receber o documento supra, o Procurador disse: “Esse livrinho já fez um grande bem; recomendado agora por vossa Santidade, ele há de fazer muito mais no futuro”.
“Ele é verdadeiramente belo!” – Respondeu o Santo Padre, com convicção.
Sob o pontificado de São Pio X foi a santa escravidão definitivamente organizada em associação, tanto para esses sacerdotes, como para os simples fiéis. A Arquiconfraria de Nossa Senhora, cujo fim é a prática da santa escravidão, foi ereta canonicamente pelo Papa São Pio X a 28 de abril de 1913.
Quanto à Associação dos Padres de Maria, já existia praticamente, mas foi canonicamente organizada no Congresso Mariano de Einsideln (Suíça – 1906), tendo como protetores os Cardeais Vannutelli e Vives.
São Pio X foi o primeiro a inscrever-se nela, figurando pois o seu nome no cabeçalho da lista dos sacerdotes consagrados a Maria Santíssima.

7. Bento XV – Não foi menos devoto à Santa Escravidão. A 28 de abril de 1916 por ocasião do segundo centenário de São Luís Maria Grignion de Montfort, enviou Ele uma carta autógrafa ao Superior da Congregação de Maria, na qual disse: “A verdadeira devoção à Santíssima Virgem” é um livro pequeno em tamanho, mas de uma grande autoridade, e de grande unção. Possa ele espalhar-se mais e mais, e avivar o espírito cristão num grande número de almas!”.
Em face dessas autoridades, é forçoso concluir que a santa escravidão não é uma novidade, uma doutrina sem aprovação da Igreja. Ao contrário, deve dinamar, como o provamos, dos mais sagrados dogmas de nossa religião, qual conclusão lógica de premissas certas.
Uma vida tão santa, os muitos milagres, e, sobretudo a beatificação de seu autor, já seria uma prova suficiente de que a santa escravidão é conforme ao ensino da Igreja.
É, entretanto, bom e reconfortante ouvir a aprovação dada a incitar os cristãos a uma tão bela prática.
Fonte: Pe. Lombaerde, Júlio Maria. O Segredo da Verdadeira Devoção para com a Santíssima Virgem. Múltipla Gráfica e Editora Ltda, 1ºed., 2005, págs. 191-194.


Papa João Paulo II – Escravo por amor, TOTUS TUUS

O Papa João Paulo II expressava um grande amor à Santíssima Virgem. Tanto, que escolheu para seu lema de pontificado, o “Totus Tuus” – Todo teu, ó Maria!.
Quando seminarista leu o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Sua devoção a Nossa Senhora, desde então, tornou-se mais intensa. Como ele próprio disse:

“A leitura deste livro marcou em minha vida uma transformação decisiva... A consciência foi que a devoção de minha infância e mesmo de minha juventude para com a Mãe de Cristo ganhou uma nova dimensão... Enquanto antes me mostrava reservado, com medo de que a devoção a Maria pudesse deixar Cristo na sombra, em vez de lhe dar prioridade, entendi agora, à luz do Tratado de Grignion de Montfort, que a realidade é totalmente diferente.
A devoção a Maria, que tomou assim uma forma determinada, continuou viva em mim. Tornou-se uma parte integrante da minha vida interior e de meu conhecimento espiritual de Deus.”


     Em uma carta do Papa João Paulo II, do dia 15 de agosto de 1984, por ocasião da celebração de XXV aniversário da consagração da Itália ao Coração Imaculado de Maria explica os fundamentos bíblicos e teológicos da Consagração à Santíssima Virgem:
“O significado antigo da consagração à Virgem Santíssima consiste não apenas num efêmero gesto devocional, mas na acolhida filial daquela que Cristo nos deu por Mãe na ordem da graça, na pessoa do discípulo amado (cf. Jo 19, 25-27).
Tal relacionamento direto e permanente com Maria na oração, na disponibilidade ao seu influxo e na assimilação das suas atitudes evangélicas, por sua vez transforma-se em um caminho de fidelidade a Cristo, de docilidade ao Espírito Santo, de comunhão de amor com o Pai e de vida eclesial.
Espero, portanto, que o renovado empenho de consagração a Maria seja visto e vivido em referência à história da salvação, ‘como modo seguro para realizar a aliança com Deus’, restabelecida por Jesus Cristo no Mistério Pascal e efetuada pelos cristãos no batismo, na confirmação e na Eucaristia.
Consagrados a Deus por iniciativa gratuita do amor misericordioso, devemos viver para Ele, oferecendo a nossa pessoa ‘como sacrifício vivente, santo, agradável a Deus’ (Rm 12,1) sob o exemplo de Maria, a Virgem consagrada ao Senhor.