terça-feira, 17 de julho de 2012

Então senhoras...vamos conversar...


Agora escreverei para as mulheres, perdoe-me rapazes, mas faz-se extremamente necessário . Não que não seja um assunto que aos senhores não interesse, posto que não vivemos vidas separadas e muito dos problemas relacionados a nós perpassam o universo masculino. Bom o fato é que falaremos mesmo de “coisa de mulher”. E não se escandalizem, de início somente um texto para suscitar alguma reflexão, mas em breve haverão maiores debates. 
Por tanto, mulheres o que pensam sobre moda? 
Gostam de  vestir-se bem? Vamos falar sobre o assunto? Ops, estranho? Religiosas de hábito dando consultoria de moda? pois bem, vamos lá...

Até mais. Salve Maria!
Ir. Jeanna Maria

Botas até a coxa: perversão fashion

Botas até a coxa: perversão fashion
Quando eu vi o (re)surgimento da moda das botas de cano extra-alto (aquelas que vão até as coxas), logo lembrei do livro da Valerie Steele* que li no início deste ano (dados no fim do post).
Tais botas são conhecidas no submundo da pornografia e do fetichismo como botas de prostituta (quem não lembra aí de Julia Roberts em “Uma Linda Mulher”, andando pelas ruas com aquelas botas enormes?). Uma vez eu li – mas não lembro onde – que elas usam tais calçados para guardar suas facas bem perto delas, na parte de cima do cano, para se defenderem de ataques. Este é um dos motivos de fazerem uso de tais peças, além da conotação erótica que é muito explorada pelos sadomasoquistas. Mas os estilistas colocaram tais calçados bizarros nas passarelas, as celebridades passaram a usar e pronto: as mulheres comuns passaram a achar que está tudo bem, que elas podem usar este artefato sem problemas. Claro que não é o fato de prostitutas usarem tal ou qual artefato é que os transforma imediatamente em objeto de perversão. Mas há sim alguns objetos que possuem um simbolismo que vai além de simplesmente proteger os pés do chão ou o corpo do frio. Este tipo de bota é alvo do fetiche sexual porque é símbolo fálico, como bem mostra Steele – uma especialista em moda que mergulhou no submundo do fetichismo sexual pesquisando profundamente sobre o assunto – no livro que cito neste post. As “damas da noite” passaram a fazer uso de tais botas pela praticidade, sem deixar de lado o apelo sexual, e não há mesmo qualquer desculpa para que uma mulher decente use tal tipo de calçado. É visivelmente vulgar, mesmo que não fosse nunca objeto de uso de pessoas pervertidas. Sem discussão.
Vejam o que diz a jornalista Sarah Mower, citada neste mesmo livro:
“a ligação entre moda e fetiche tem uma longa história…[e] o que choca a princípio se torna lugar-comum com o tempo… todos nós sabemos o que aconteceu com as botas ‘bizarras’”(2) (p.49)
Pois é, Sarah, todos nós sabemos que as botas bizarras (as tais botas de cano extra alto, que vão até a coxa), caíram no gosto das celebridades antenadas com a moda vulgar.
É bem interessante ver como reagem as criaturas do mundinho fashion a tais novidades. Vejam o comentário no site da Fashion Allure:
“O único problema é que os designers não se importam realmente sobre como as mulheres tem que lidar com o erotismo implícito das botas até a coxa. Na verdade, elas são freqüentemente relacionadas com o erotismo, o fetichismo, prostitutas e dominadoras profissionais, por isso é uma boa idéia saber como usá-las corretamente”.
Vejam, é mais do que sabido no mundo da moda que esta peça é parte do submundo da perversão sexual, mas para as pessoas hoje em dia isso não importa! O que interessa é saber como usar sem ficar com cara de prostituta… Observem também que a pessoa que faz o comentário sabe da carga erótica que acompanha tal peça. E ainda assim quer saber como usar de forma que não fique tão “na cara” que é um objeto de uso dospervertidos. Mas como que uma bota que é tão obviamente erótica pode ser usada de outra forma? Não há como.
Creio que uma peça tão vulgar como esta realmente seja difícil de disfarçar num visual. É uma peça feita para aparecer, a qualquer custo, portanto muito imodesta, mesmo que a mulher não fique imediatamente com cara de quem está fazendo ponto na esquina, é um artefato tão exibicionista que não pode ser usado mesmo por ninguém decente, ou que preze por um mínimo de elegância no vestuário.
Eu acho de péssimo gosto tais botas, são realmente vulgares e exibicionistas. Mas claro que quem tem um mínimo de conhecimento sobre modéstia não vai usar mesmo tal tipo de calçado. Mesmo assim quero apresentar aqui os trechos do livro que tratam do assunto, pois infelizmente nós sabemos que as pessoas terminam acostumando com aberrações e passam a usar como se fossem as coisas mais inocentes do mundo. E para quem tem interesse na história da moda e dos costumes é sempre bom ler algo sobre as pesquisas de historiadores.
Valerie Steele se expressa através da linguagem do secularismo e é bem interessante porque é alguém de fora do cristianismo, observando e anotando as perversões dos fetichistas, mesmo que se negue a julgar tais comportamentos como imorais. Ela observa que o surgimento da moda das botas bizarras se deu como resultado da liberação sexual dos anos 60 e 70, ou seja, o período da contra-cultura, a época de fortíssima oposição à Igreja, à moral católica. É interessantíssimo averiguar como uma moda tão vulgar aparece justamente em contraposição à cultura cristã: ela surge no contexto das “vitórias da liberdade sexual”. Acho que nem preciso comentar mais nada.
Fiquem com os trechos do livro de Valerie Steele:
“O movimento de “liberação sexual” dos anos 60 e 70 levou a uma reavaliação dos desvios sexuais. O “recato” foi cada vez mais descartado como um produto histórico infeliz da “tradição judaico-cristã” e da ascensão da burguesia capitalista. Dizia-se que o “tabu do corpo” estava se “esmigalhando sob a reafirmação da sexualidade humana e da negação da culpa sexual” (1). Como rebeliões e prazeres eram casa vez mais privilegiados e as restrições impostas pela civilização correspondentemente criticadas, a sexualidade “perversa” era abertamente reconhecida como sedutora.
A primeira moda fetichista a alcançar aceitação popular foi a chamada bota bizarra, anteriormente associada a prostitutas, especialmente as dominadoras. “Moda ou fetiche?”, perguntaram os editores de High Heels. As botas de couro de saltos altos podiam ser da altura dos joelhos ou até das coxas, e elas eram frequentemente abotoadas ou amarradas”. (p.41)
“Diz-se que Helmut Newton [fotógrafo de moda] “fez com que o fetichismo se tornasse chique”. Os anos 70, os estilistas de moda que estavam procurando os acessórios certos para as fotografias de Newton tinham que vasculhar lojas que serviam a prostitutas e fetichistas”. (p.45)
“Por muitos anos, botas altas têm sido “a marca registrada de prostitutas especializadas em sadomasoquismo”. Em 1994, Ann Magnuson pôde brincar com os leitores de uma revista de moda dizendo que estilistas com Marc Jacobs tinham “cruzado Emma Peel(3) com Betty Page(4) para criarem… botas que ficariam formidáveis com uma capa de borracha e um chicote”. Botas de couro envernizados de saltos finos eram “para a dominadora em todo mundo”. Usando esses saltos ela relatou: “Senti uma onda de poder, sabendo que eu podia acabar com qualquer homem que escolhesse destruir”. (p.117)
Materia retirado do Site: http://rosamulher.wordpress.com/.

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